segunda-feira, 20 de julho de 2009

O reencontro

Parado se encontrava, ali meio a ninguém, mas perto de tudo... havia exatamente 52 minutos. Há 52 minutos um filme de toda a batalha para conseguir aquilo passava-se em sua cabeça, rápido como os pássaros que voavam pelo céu, como se estivessem tão eufóricos quanto ele. Sentia-se tão nervoso que era capaz de encher um copo d'água com seu suor e não havia mais unhas para roer. Olhava no relógio acompanhando o ponteiro, não conseguia desgrudar os olhos nem por um momento. Se perguntava sem deixar espaço para respostas: ''Ela virá? Esquecera de mim? Será apenas uma brincadeira? Ela desistiu? Será que não sou importante? Vou para casa ou espero mais um pouco?'', e antes que pensasse em mais uma hipótese, começou a chover... chover fininho, chuva que a gente nem percebe quando chove. Chuva que foi aumentando, engrossando... de repente virou uma daquelas que parece que nunca vai acabar. ''É isso, vou embora.'', decidiu. Já esperava a quase uma hora, fazendo revezamento de cinco minutos: ora sentado no banco, ora em pé. Já contara quase toda sua história a um senhor que sentou ao seu lado, já fizera o joguinho das placas dos carros, do ''vem - não vem'' com mais de cinco folhas secas, mas ficar debaixo de chuva com suspeita de gripe, aí não era com ele. Resolveu dar mais cinco minutos de tolerância, já se sentia um completo idiota ali, o que cinco minutos mudariam?
No quarto minuto e no vigésimo quinto segundo, ele avistou ao fundo uma mulher alta, correndo na chuva, em sua direção... Morena, vestindo um velho moletom azul, uma calça jeans suja de lama na boca e sandálias abertas... agora via mais de perto: expressão de desespero, corria cada vez mais rápido, e observando bastante podia-se perceber um sorriso se abrindo aos poucos, conforme ela se aproximava. Um grito, tão alto quanto o barulho da chuva, ecoou:- LUCAS! - e uma pequena pausa - LUCAS! - gritava sem fôlego. Intacto, ele ficou sem resposta. Em meio a tanta água lhe cercando, engoliu um seco, suava ainda mais, como se a chuva chovesse por dentro de seu casaco, por dentro de suas calças, entre seus dedos dos pés... Apenas não sabia o que dizer! ''Me ajude Senhor, o que faço, o que digo nesse exato momento? O nome dela? Digo que eu sou o Lucas? Pergunto por que ela demorou tanto?'' - Se perguntava, mas agora ele deveria apenas dizer algo, agora era a hora.
- Mã... Mãe? Luciana? É você? - Disse como um gago tolo. Mas não importava, nada importava, a chuva e o tempo eram meros detalhes perante os olhares, as expressões, a emoção e a lembrança individual que traziam consigo sobre uma vida onde até agora faltava algo... Que agora já não faltava mais. Foram se aproximando, lentamente, como se tivessem receio de se tocar, como se abraçassem sem motivo um completo desconhecido, uma pessoa jamais vista antes, mas ambos sabiam que havia uma ligação muito forte entre eles. E rapidamente se uniram, colando pedaços num abraço tão forte e duradouro quanto o choro e a felicidade em estar ali.

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