quarta-feira, 22 de julho de 2009

Feriado da Aline

Eu sempre fui meio egocêntrica (não sei se ''meio'' é a medida exata, mas levando em conta que eu não sei medir características minhas em frações, décimos, porcentagem - ou seja lá o que for - sem uma referência, e sabendo que existem pessoas mais egocêntricas e menos egocêntricas do que eu, acredito que ''meio'' esteja ótimo). Voltando: e isso sempre me fez acreditar que todo dia sete de agosto é o dia da Aline Soares, que mora em Santos, no prédio Capivari. Sim, soa patético quando se lê de primeira, mas eu tenho certeza que não devo ser a única no mundo que pensa dessa forma. Não que eu espere passar meus setes de agosto sentada num trono com duas pessoas me abanando com folhas de bananeira, e uma outra pessoa segurando um cacho de uvas enquanto eu como uma por uma, e uma outra pessoa fazendo minhas unhas dos pés, enquanto alguma lá em cima cuida das minhas mãos, e uma sexta pessoa segura os pepinos em volta dos meus olhos e passa um creme em volta do meu rosto... NÃO, não que eu espere tudo isso (mesmo que eu tenha dado um breve suspiro agora imaginando como seria), mas eu sinto como se o dia fosse totalmente meu.
Milhões de bebês vem ao mundo todos os dias, seja ele filho de uma mãe milionária dentro de um hospital luxuoso, ou filho de uma coitada que pare debaixo da ponte, portanto não há razão para eu pensar que fui um nascimento milagroso ou especial (especial apenas para a qual eu saí de dentro!). Não há razão para eu me sentir tão tão tão... (vou ter que repetir a palavra) especial. Não fui separada da cabeça da minha irmã numa cirurgia pioneira e delicada, não sobrevivi a uma grave doença, não sou um gênio, não sou o astro do pop e nem o rei do futebol. E mesmo assim sinto que devia fazer sol em todo sete de agosto, que o café da manhã deveria ser feito com muito cuidado para mim, que ao sair de casa as pessoas na rua deveriam passar e dizer:
- Aline! Hoje é seu aniversário! PARABÉNS! - ''parabéns'', como se eu tivesse conquistado algo glorioso além de mais um ano de vida - e assim eu andaria até chegar ao ponto de ônibus onde as mesmas caras que vejo todos os dias, mudariam a expressão de noite mal dormida e abririam um largo e sincero sorriso quando me vissem... como se fossem meus amigos próximos e não me vissem há anos. E gritariam meu nome e me dariam abraços. O ônibus passaria como em qualquer dia comum, mas hoje o motorista enxergaria de longe minha mãozinha apontando e já estaria sorrindo enquanto eu piso no primeiro degrau, e com a atenção dividida entre o trânsito e a mim, me desejaria felicidades (e se posso viajar tão longe com isso tudo, também posso querer que ele simplesmente me deixe, nem que fosse apenas neste dia, andar de graça). Na escola, desde os porteiros até os professores, todos me olhariam diferente, como se eu tivesse conseguido o óscar que eles assistiram na televisão, ou tivesse feito uma participação especial no capítulo de ontem da novela... e assim eu seguiria o dia, todos seriam bondosos e carinhosos, ofereceriam o lanche (quanta simplicidade, ofereceriam o dinheiro dentro do bolso mesmo), me levariam a lugares especiais para comemorar a minha chegada ao mundo, uma entre... bilhões (não sei em quantos somos). Eu me sentiria uma estrela, quem sabe até ganharia um feriado em minha homenagem e o negócio viraria mundial... choveriam mensagens de vários cantos do mundo me parabenizando. Claro que eu voei alto agora, além do mais, todo esse glamour acabaria no primeiro minuto do dia oito de agosto.

Um comentário:

  1. CHOREI nesse texto, juro =( Eu sinto muita falta... A tia beth fazia com que a gente carregasse a bandeira do beto mansur e SEMPRE deixava a gente escolher a ordem. ''Me deixa por último tia?!?!?!''. O nome da filha dela era Claudinéia!! hahaha E a gente sempre perguntava pras pessoas se nas csas delas tinha feijão! UIAHAEIEAH Crianças... Ai que saudades de todos os pensamentos que eu tive na perua, as músicas novas que eu ouvi, os elogios do Tio Carlos, as histórias da tia Beth, as propagandas políticas, de como a gente achava o Tio Alex triste e chato hahah, as zueiras do Gabriel, a gente SEMPRE achando o Caio feio e bobo, das vezes que a gente mexia com o povo na rua... AI AI! Crescemos...

    ResponderExcluir